Eram duas velhinhas, baixinhas e fedorentas, viviam juntas, e devem ter morrido juntas também. Não mexiam com ninguém, mas se mexessem com elas, se a chamassem de velhas cocorocas, aí a resposta era na ponta da língua, o sujeito era xingado até a última geração, não tinha papas na língua, usavam de tudo quanto é palavrão para rebater o xingamento, te xingavam de tudo quanto era nome e essa era a graça, e todos riam ao redor. Coitadas, ninguém tinha dó. Era só avistá-la para algum engraçadinho, bem perto ou até distante, soltar a encarnação: oh, cocoroca! gritavam com a voz afetada para nãos ser reconhecido. E de onde estivessem, a fúria era extravasada: Cocoroca é a p....que o pariu!
Assim foi por muitos anos, adolescentes, crianças e adultos, não se cansavam de mexer com elas. Uma era magrinha, com o rosto fino, a outra mais fortezinha, mas ambas bem pequenas, um metro e meio, no máximo, de altura para cada uma. Outras línguas diziam que eram mãe e filha! Nunca tive certeza. Moravam num barraco maltrapilho e sujo, só sei de observar, que cuidavam uma da outra como só existissem as duas no mundo, deveriam ser sozinhas, solitárias, decerto eram...
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