quarta-feira, 27 de agosto de 2008

2. UM LUGAR CHAMADO CAJU


Eu sabia que seria um grande prazer, poder escrever sobre esse nosso bairro de estórias sem iguais, de vida sofrida mais igualmente divertida e instigante, de um bairro onde nasci e que me acolhe até então, pra isso lá vai mais de 40 anos, sonhando com tudo, uma vez ou outra até pensando em deixa-lo, e isso é um ponto curioso, porque honestamente, quem um dia não sequer falou ou pensou em se mudar do bairro? Mas isso é mais um desejo megalomaníaco do que propriamente uma realidade de fato, pois há dentro do habitante cajuense alguma coisa de romântico, de fraterno e de cumplicidade para com este lugar que nos deixa permanentemente ligados um ao outro, somos de algum modo, como uma grande família, por estarmos familiarizados com tudo em geral, desde as pessoas até todo e qualquer lugar, com o passado, com o presente, com a escola e com a segurança, a preocupação sobre as melhorias que irão beneficiar os nossos filhos que também aqui crescerão e muito provavelmente encontrarão suas parceiras, seu primeiro amor, e terão seus filhos e mais os amigos que se multiplicam invariavelmente, sem dizer da paz que nos é peculiar. A praça do Caju é o nosso grande quintal. A feira, os botequins, o supermercado, as datas festivas, as comunidades, seus personagens, até mesmo uma ou outra desavença, parte de um mesmo ecossistema que nos mantém acesos e coesos, são constatações de que pertencemos a um mesmo time, mesmo não nos reconhecendo, mesmo sequer nos respeitando como deveria, mas estamos todos ali, todos os dias, nos pontos de ônibus, na escola, no fila do banco, no bar, enchendo a cara e até na morte! Mesmo as pessoas que se livraram de nós e que hoje moram em bairros distantes, tenho certeza de que lembram com carinho do bairro do Caju, daqueles tempos áureos, de bailes de formatura, de futebol no Marvilles, do Grêmio, do Social e do Arsenal, da procissão de São Pedro, dos tempos da escola e do carnaval. Desde que começamos, com os barraquinhos à beira da maré, que existe morador daquele tempo, que guardam dentro de si, um amor incontestável como herança de uma vida vivida e honrosa, que passaram para os seus netos valores de outrora, uma imensidão de alegria num contexto invariável de dificuldades e superações. Assim é o CAJU, assim são os seus moradores que foram evoluindo, crescendo, desenvolvendo, criando novas condições, com novos moradores chegando, antigos dizendo adeus, mas nunca deixando de ser quem são: Orgulhosos habitantes de um lugar chamado Caju!

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