quarta-feira, 27 de agosto de 2008

1. POEMA SOBRE UM CAJU

Ah, essa gente fantástica...
Que em silêncio passa e que acorda tão cedo
E se levanta até mesmo antes do sol
Que os irradiam na mágica do seu dia a dia
E que os fazem brilhar
Para uma vida muitas vezes árdua
Outras vezes sábia, muitas vezes vazia
Essa fantástica mágica de todos os dias
Que em segredo os ensinam como é belo o viver!
A existência que se propaga
Nos músculos másculos e exaustos do pescador
À aprendizagem que se busca no curso primário do menor
Nas rugas dessa gente que rejuvenesce a vida
Na vida dessas rugas que identifica o senhor
E suas batalhas e suas estórias
Encantadoras estórias que não acabam mais
Seus artistas, suas crenças, seus heróis
Todos anônimos, todos sem um futuro melhor
‘‘Mas para que futuro doutor?”
Somos a vida presente
Com todas as suas cores
Com todas as suas flores, suas dores, suas vitórias doridas
A vida latente doutor!
Que ora rir, ora se desespera
A vida que não espera
Essa gente que fracassa, não fracassa!
Se agiganta e se alegra
Essa gente que não prospera e não sai do canto
É um espanto! É um encanto! É comovente!
Essa gente tão pacata e tão valente
Faz brotar orgulho no seio, no olho da gente
Queria saber falar!
Domingo é dia de feira, segunda é dia de batente
Todos os dias são dias de viver
No Caju de D. João, no Caju do Sr. João, No Caju de São João
Tem o dia de São Pedro e procissão
A casa São Luiz para velhice e a meninice dos que nunca serão
No Caju do seu José, D. Maria, Beatrizes e Eunices
Da feira, da pesca, da padaria, Do português, do paraíba
Todos tão cariocas!
Das crianças que vão bem cedo para a escola
Das ambições e das alegrias
Das lamentações em momentos fúnebres
Caju, o teu sobrenome é um cartão postal
O cemitério mais famoso do Rio de Janeiro
Mas passando dele, a vida é um brinquedo em amizades
Você já viu os barcos, as embarcações, o cais, os guindastes
O crepúsculo na última hora da tarde?!
Mas então vêem as carretas com sua fumaça, uma tormenta!
E a nossa paciência...
Você se lembra? Você se lembra?!
São Pedro de barco tinha procissão
Barracas na rua, uma diversão!
Hoje temos a fábrica de sonhos para menores carentes
Do São Sebastião e pouca gente sabe
O museu da Comlurb, o Rock e o pagode
Nos botequins, bares, a praça com ares de baixo
Na hora das horas mais tardes
A cerveja, o vício, o trago
O futebol, os compromissos, os comentários
Ah, essa gente que não se cansa
São quatro horas da madrugada
E meu pai já está de pé para ir trabalhar...

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